segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Talking with theory

Este post de hoje se concentra nas premissas que inspiraram o liberalismo no momento de criação da disciplina acadêmica. Deixemos para outro dia a apreciação de Norman Angell e Keyne.

Em plena Idade Média já se pensava em um mundo como poderia ser, sobretudo, idealizava-se um mundo pacífico. Marsílio de Pádua, ao escrever O defensor da Paz, objetiva demonstrar como alcançar a paz e como mantê-la. Esforçou continuado com Thomas More em A Utopia, na qual ele descreve uma ilha constituída por 54 cidades, cujos habitantes vivem em plena harmonia e repudiam a guerra com fervor por causa da brutalidade e selvageria que ela acarreta. Dois séculos mais tarde, Abade de Saint-Pierre, em seu Projeto para tornar perpétua a paz na Europa, defende que os valores comuns apresentam-se como a base para a integração e paz, sendo necessária a assinatura de um Tratado de União e a formalização de um Congresso Perpétuo entre as soberanias católicas da Europa.


No século XVII, o liberalismo se fez presente no surgimento do Estado liberal moderno. John Locke depositou grande crença num Estado que garantisse a liberdade individual para o progresso da sociedade moderna. Nesse período, Rousseau surgiu como um dos grandes expoentes do pensamento liberal. Ele criticou o projeto de paz de Abade de Saint-Pierre, afirmando que este não levou em consideração o regime político interno e a paz era indissociável a uma união de pequenos Estados democráticos.


No espírito de Rousseau, Immanuel Kant escreve em 1795 A Paz Perpétua, uma obra na qual ele delineia três artigos definitivos para paz: 1) republicanismo democrático; 2) união federalista de Estados; e 3) cosmopolitismo. Para Kant, é necessário um governo representativo internamente que defenda seus cidadãos, uma federação de Estados que prime pelo direito internacional e o tratamento hospitaleiro aos estrangeiros. Esta combinação de fatores seria a maneira de assegurar a paz perpétua.


Entre a razão e a paixão, os idealistas clássicos argumentam que os homens são naturalmente bons, cooperativos e pacíficos, e que com os incentivos corretos eles poderiam preservar sua natureza. A razão lhes ensinaria a insanidade das guerras e a paixão lhes daria a possibilidade de construir um mundo “perfeito”, mantendo o comércio, valores comuns e a paz. Por muito tempo acreditou-se que era possível mudar as relações internacionais de modo aproximá-las de como os indivíduos as idealizavam. A sociedade contemporânea ainda não perdeu essa crença.

Fonte : Ivan Boscariol ( Hubber )

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Te Aguardo neste Evento !!!!

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Viva a Língua Portuguesa !


Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no
elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos
bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino
singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito
oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes
ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num
lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se
insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno
índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou
o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco
tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a
se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do
substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu
aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética
clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um
hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando
ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente
chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num
transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu
ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um
período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro
que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às
vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos
e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa
próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um
perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu
grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele
tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se
encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica,
o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na
história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo
o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal.
Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele
predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez
mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo
claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto
abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e
culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois
dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na
história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e
voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.